Trabalho a campo de pesquisadores busca diagnosticar a capacidade de infiltração de água no solo em áreas rurais do Rio Grande do Sul. Os estudos, iniciados em propriedades do Vale do Taquari, servirão de base para nortear politicas públicas para mitigar os danos causados pelo excesso de chuva, desde o manejo das lavouras ao risco de enchentes.
A atividade é inédita e teve início em Estrela e será expandida para todo o território gaúcho. Participam pesquisadores do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária do Estado (DDPA/Seapi), da Emater/RS-Ascar, do Departamento de Solos da Ufrgs e da Embrapa Trigo.
Os testes de infiltração no solo são realizados com o uso de um infiltrômetro — equipamento que mede a taxa de penetração da água — e são fundamentais para avaliar a capacidade de drenagem natural das áreas. São dez aparelhos disponibilizados pela Seapi e outros cinco pela Embrapa. As análises ocorrem em diferentes camadas, tanto superficiais quanto subsuperficiais.
A metodologia utilizada dispensa cálculos manuais e fornece dados precisos para orientar os produtores e a subsidiar políticas públicas, destaca o engenheiro e pesquisador do DDPA, Altamir Mateus Bertollo.
“Vamos diagnosticar as condições do solo e oferecer e técnico aos manejos adotados pelos produtores, contemplando diferentes níveis de preparo”, enfatiza ao ressaltar a necessidade maior de acompanhamento das áreas atingidas pelas enchentes em 2024.
A proposta inclui ainda a identificação de áreas agrícolas que atuarão como unidades de referência técnica para capacitação de produtores e técnicos. E desta forma, destaca o professor da Ufrgs, Michael Mazurana, torná-los agentes de difusão de práticas agrícolas voltadas à recuperação do ambiente produtivo.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, André Amaral, mapear a porosidade do solo, medir sua capacidade de infiltração e construir uma base de dados auxiliam na adoção de boas práticas de manejo, especialmente no contexto do Sistema Plantio Direto. Quanto maior a capacidade de infiltração, destaca, melhor é a qualidade do solo e maior a sua capacidade de reter nutrientes.
Estudo em paralelo
Somado a isso, a Emater faz análises de solo com o intuito de identificar ações a serem realizadas para recuperar a fertilidade do solo das lavouras atingidas pela enchente no Vale do Taquari. As coletas de terra ocorrem em Estrela e Cruzeiro do Sul desde o ano ado e devem ser concluídas no segundo semestre.
O trabalho é coordenado pelo engenheiro agrônomo Álvaro Fiqueira Trierweiler e ocorre em 30 propriedades rurais nos dois municípios. Serão 200 amostragens em Estrela e outras 100 em Cruzeiro do Sul. “Separamos em três camadas de 10 em 10 centímetros. Daí nós conseguimos entender dentro do perfil do solo onde está localizado cada nutriente, desde o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e os micronutrientes, cobre, boro, zinco, manganês e a questão da acidez, aluminotóxico, o Ph.”
Resultados preliminares indicam que na maior parte dos locais há falta de nutrientes na camada mais profunda, o que pode limitar o crescimento das raízes e prejudicar a produtividade nas lavouras. “Quando concluirmos, vamos dar as orientações de correção, como insumo adequado. Muitas vezes o produtor já tem um subproduto, como o esterco, e vai bastar apenas alguma complementação.”