Há pelo menos três anos, os moradores da rua Comandante Wagner, no bairro São Cristóvão, em Lajeado, convivem com alagamentos recorrentes em dias de chuva. A situação que piorou ainda mais após as enchentes, tem causado prejuízos materiais e medo constante, especialmente para as famílias que vivem na parte mais baixa da via.
Neste ano, dois episódios mais graves já foram registrados: o primeiro em fevereiro e o mais recente na quinta-feira, 5 de junho. Em ambas as ocasiões, a água invadiu casas, danificou móveis e gerou transtornos. “Toda vez que chove é um corre-corre para tentar salvar o que dá. Parece que fazem pouco caso dos nossos pedidos. A situação está horrível”, desabafa a moradora Tainá Wendt. Segundo ela, a própria família tem investido em um muro de contenção para tentar conter os danos, mas as ações públicas seguem limitadas.
Salete Miorando, 58, também vive o problema de perto. Massoterapeuta e moradora da rua há 23 anos, conta que nunca enfrentou um cenário tão preocupante como o atual. “Depois das enchentes do início do ano, piorou bastante. Não sei se os bueiros entupiram, mas de fevereiro para cá virou um caos. Quando o tempo fecha, ninguém dorme. Ficamos com medo da água entrar de novo”, relata. Assim como outros vizinhos, ela está construindo um muro com recursos próprios. “É um absurdo a gente ter que gastar do bolso para algo que deveria ser resolvido pela prefeitura. Pagamos impostos, temos direito a melhorias.”
O problema, segundo o morador Darci, está diretamente relacionado à falta de escoamento da água. “Aqui é falta de saneamento básico. A água não tem para onde ir, transborda e entra nas casas. Com o básico, já daria para amenizar”, aponta.
A prefeitura, por meio do secretário de Obras, Fabiano Bergmann, reconhece a gravidade da situação e explica que o crescimento desordenado da região contribuiu para o agravamento do problema. “O loteamento foi aprovado há mais de 20 anos com uma canalização de galerias de 80 centímetros. Na época, era suficiente. Hoje, a região cresceu muito, com várias ruas desaguando nessa área, formando um verdadeiro funil”, explica.
Segundo o secretário, uma solução definitiva envolve a elaboração de um projeto técnico robusto, com a substituição das antigas galerias por estruturas maiores, de até 2,5 metros de diâmetro, além da criação de um desvio para a água antes que ela alcance a rua Comandante Wagner. “A topografia da rua é complexa. Há um desnível de cerca de quatro metros. A água precisa ser desviada antes de chegar aqui, o que exige escavações, remoção de paralelepípedos e novas canalizações, levando essa água até as proximidades da BR-386”, detalha.
Apesar da complexidade e dos custos envolvidos, Bergmann afirma que é possível resolver. “É necessário elaborar um projeto, buscar recursos e executar a obra de canalização. Isso resolveria não só os problemas da Comandante Wagner, mas também evitaria futuros alagamentos em outras áreas do bairro.”