Contratada pelo governo gaúcho para executar o novo projeto de modelagem hidrodinâmica, a empresa MKS, de Santa Catarina, deve vir a região nos próximos dias para conhecer, de perto, a realidade local. A expectativa é que sejam definidos os pontos onde serão instaladas as estações de monitoramento hidrológico.
Representantes da empresa estiveram reunidos ontem à tarde com o promotor Sérgio Diefenbach e deram detalhes de como será a atuação no Vale. O encontro, virtual, teve duração de pouco mais de uma hora e marcou o início de uma fase de aproximação da promotoria com a equipe técnica.
“Essa visita é um o importante. Até agora, os locais estão apenas projetados. A partir desse levantamento in loco, será possível definir com mais precisão onde cada equipamento será posicionado”, afirma o promotor. Em todo o RS, serão instaladas 130 estações de monitoramento.
Um dos pontos debatidos na reunião foi a necessidade de comunicação clara com os municípios e a população. O Ministério Público defende uma reunião mais ampla da empresa com prefeitos, lideranças locais e representantes da Defesa Civil, para que a comunidade compreenda o que exatamente será feito e qual o papel da MKS.
“É essencial deixar claro que esse contrato tem como objetivo o monitoramento, ou seja, a leitura em tempo real da chuva e do nível dos rios. Não se trata de um sistema de previsão do tempo. Isso precisa ser bem explicado para não gerar uma expectativa equivocada nas pessoas”, alerta Diefenbach.
Prazos definidos
O plano de trabalho da MKS ainda aguarda aprovação final por parte da Defesa Civil estadual. Assim que for autorizado, a empresa terá até seis meses para instalar as estações e colocá-las em operação. O contrato com o Estado tem vigência de dois anos e prevê a entrega de um sistema tecnicamente robusto, com equipamentos e tecnologia de ponta.
“É um trabalho que está apenas começando, mas que precisa ter continuidade. O contrato é importante, mas não podemos pensar só nos próximos meses. Precisamos discutir o que vai acontecer depois, quando terminar o financiamento do Funrigs”, reforça o promotor.
Complemento
Além da MKS, o Estado está em fase de contratação de uma segunda empresa, que poderá atuar com prognósticos e estudos técnicos mais aprofundados. “Estamos vendo peças de um quebra-cabeça começarem a se encaixar. A MKS coleta os dados. Esta segunda empresa poderá transformá-los em análises que ajudem no planejamento e na prevenção”, avalia o promotor.
Apesar dos avanços, Diefenbach entende que o Vale do Taquari está atrasado na articulação de ações estruturais em relação a outras regiões. A percepção foi reforçada em uma reunião na segunda-feira, 9, em Porto Alegre.
“Enquanto em alguns locais contrataram estudos com recursos do fundo federal, o Vale ainda está apenas cogitando. Nossa principal necessidade é o afastamento urbano das margens do rio, algo que precisa ser planejado agora para os próximos cinco anos”.
Para o Ministério Público, é urgente que o Estado e os municípios alinhem suas prioridades. “Ainda não vejo movimentos concretos nesse sentido. Essa articulação precisa acontecer”.
Saiba mais
- O Sistema de Monitoramento e Alerta abrange a implantação e consolidação de uma rede de sensores e de sistemas de monitoramento e previsão;
- Integra radares meteorológicos, estações pluviométricas e fluviométricas, entre outros sensores já implantados e em vias de implantação, modelos numéricos;
- A consolidação de todas as informações através de uma modelagem específica, permite trabalhar com a previsão de eventos hidrológicos críticos, além de identificar e classificar áreas suscetíveis a risco, estabelecendo seus liminares e elaborando as respectivas manchas de inundação.