A complexa recuperação do Trem dos Vales

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

A complexa recuperação do Trem dos Vales

O Vale do Taquari está em festa na região alta com a revigorada e histórica Suinofest e os milhares de turistas que visitam o Cristo Protetor a cada fim de semana. Mas ainda há muito a se fazer para a retomada econômica e social nos municípios mais impactados e destruídos pela pior catástrofe natural já registrada no Brasil. E um dos pilares à recuperação precisa voltar a ar pelos trilhos da Ferrovia do Trigo, por onde até alguns meses atrás desfilava o Trem dos Vales, um dos nossos principais produtos turísticos. Mas a retomada do eio depende de uma complexa negociação entre Concessionária Rumo, Antt, governos federal e estadual, Amturvales e Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). Trata-se de uma costura política, jurídica e econômica inédita. E a notícia boa é que houve avanços nos bastidores e os custos à retomada, que logo após a tragédia de maio de 2024 pareciam inalcançáveis, já parecem muito mais viáveis de serem executados. Para recuperar o trecho de 16 km entre a estação ferroviária de Muçum e o viaduto 13 em Vespasiano Correa, por exemplo, são necessários R$ 6,3 milhões – a Rumo se responsabilizou pela reforma do viaduto 8, neste mesmo trecho de 16 km, a um custo de R$ 10 milhões.

A partir disso, ainda seriam necessários R$ 90 milhões para recuperação de toda a malha ferroviária até o município de Guaporé. A União não pretende pagar. O Estado se mostra mais disposto, especialmente por intermédio do vice-governador Gabriel Souza (MDB). Mas ainda é preciso encontrar vias jurídicas e istrativas para justificar o importante investimento na malha que não lhe pertence. Paralelo a isso, agentes buscam junto à iniciativa privada outros interessados no modal para viabilizar, também, novas e modernas conexões ferroviárias para o escoamento da produção e recebimento de insumos. Em suma, não é um processo simples. Aliás, toda a construção histórica do Trem dos Vales ao longo das últimas décadas sempre foi recheada de movimentos complexos. E deu certo.

Normas flexibilizadas à calamidade

O governo de Lajeado flexibilizou normas urbanísticas ao interesse social. As normas valem a projetos de parcelamento de solo, de edificação, de condomínios de edificações e/ou condomínios de lotes destinados a programas habitacionais de interesse social, originados da calamidade pública. E, entre as mudanças, fica dispensada a obrigatoriedade de implantação de rede coletora absoluta de esgoto sanitário em frente aos lotes ou no condomínio de edificações. Como solução alternativa, o Executivo cobra a adoção de sistema individual de tratamento, por meio de fossa séptica seguida de sumidouro ou filtro anaeróbico com clorador e despejo no sistema de esgotamento pluvial.

Estrela busca R$ 100 milhões no Funrigs

Primeira prefeita mulher na história de 149 anos de Estrela, Carine Schwingel (União Brasil) tem como principal missão abrir os caminhos à recuperação econômica e social de uma das cidades mais impactadas pelas catástrofes de 2023 e 2024. Não por menos, a istração municipal já protocolou seis projetos junto ao Fundo de Reconstrução do Rio Grande do Sul (Funrigs), que totalizam pouco mais de R$ 100 milhões. Os recursos são para a reforma do histórico prédio da Polar (R$ 39 milhões); a duplicação da Trans Santa Rita (R$ 12 milhões); a pavimentação da pista do aeródromo regional (R$ 15 milhões); abertura de nova avenida entre a ponte baixa e o bairro das Indústrias – nova rota de o do Centro à BR-386 (R$ 12 milhões); limpeza do bairro Marmitt (R$ 20 milhões); e a conclusão da ciclovia junto à ERS-129 (R$ 2,2 milhões).

“Vamos dar sobrevida à EGR”

Ex-prefeito de Lajeado e atual Secretário Estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedur), Marcelo Caumo (União Brasil) acompanhou como gestor municipal o processo de concessão da BR-386, entre 2018 e 2020, e agora acompanha como agente do governo estadual a possível nova concessão das rodovias gaúchas, com destaque ao nosso Bloco 2. Na quinta-feira, em entrevista ao Conexão Regional, Caumo foi questionado sobre a expectativa do Estado com o novo projeto de modelagem dos pedágios. “Caso o plano de concessão não seja aprovado, a gente vai acabar dando uma sobrevida à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), que vai seguir existindo, cobrando pedágio e fazendo poucos investimentos na região”. Ou seja, e precisamos compreender o mundo real, lutar por um modelo melhor ou ficar com a EGR é uma escolha de cada um.

TIRO CURTO

  • A câmara de Venâncio Aires iniciou um debate sobre a necessidade (ou não) de criar uma Guarda Civil Municipal. E a pauta é liderada pelo vereador de oposição, Jeferson Schwingel (PP).
  • Ainda sobre a recente entrevista de Marcelo Caumo (UB) a Rádio A Hora, e em função do interesse de concorrer a deputado federal em 2026, ele falou sobre a recente federação entre o seu novo partido, o União Brasil, e o antigo partido, o PP. “É o União Progressistas”, brincou.
  • Na noite dessa quinta-feira, a Executiva municipal do PDT de Lajeado se reuniu para discutir novas filiações e apoios em 2026. Presidente da sigla na cidade, Mateus Selke também colocou em pauta as estratégias da sigla para as disputas ao congresso nacional e/ou assembleia gaúcha.
  • Ex-vereador e candidato a prefeito de Lajeado pelo MDB em 2024, Carlos Ranzi voltou às redes sociais para criticar a nova gestão de Gláucia Schumacher (PP). E, entre os temas provocados por ele, o aproveitamento da nobre área que pertencia ao Daer, no centro da cidade. Sobre a área, aliás, recebi boas sugestões nos últimos meses. Entre essas, a construção de um terminal rodoviário na área frontal, e uma permuta do restante da área em troca de obras públicas em outros bairros.

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