Mais do que ser prejudicial ao desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças e adolescentes, o uso prolongado das telas mostra efeitos também em outras áreas da saúde. Entre elas, a oftalmologia. Dos problemas oculares, o mais comum é a síndrome do olho seco.
Médico oftalmologista, Pedro Henrique Lopes (CRM/RS 38482) explica que a síndrome do olho seco é uma condição oftalmológica comum que ocorre quando os olhos não produzem lágrimas suficientes ou quando a qualidade das lágrimas não é adequada para lubrificar e nutrir a superfície ocular.
Segundo o profissional, as lágrimas são essenciais para manter a superfície ocular saudável, clara e protegida contra infecções, além de ajudar a remover partículas estranhas. Quando há deficiência na quantidade ou qualidade das lágrimas, surgem sintomas desconfortáveis e até complicações.
A condição é mais comum com o avanço da idade, já que a produção de lágrimas tende a diminuir naturalmente conforme o envelhecimento. Além disso, mulheres são mais propensas a desenvolver a síndrome, principalmente após a menopausa, devido a mudanças hormonais. Condições médicas como artrite reumatoide, diabetes e doenças da tireoide também podem contribuir para o desenvolvimento do olho seco.
Causas e tratamento
Hoje, Lopes observa um aumento significativo de casos de olho seco também entre os jovens, segundo ele, associado ao uso prolongado de telas de computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos.
“Essa exposição faz com que as pessoas pisquem com menos frequência, prejudicando a lubrificação natural dos olhos e agravando os sintomas da síndrome”. Além disso, ambientes com ar-condicionado e baixa umidade, comuns em locais fechados onde os dispositivos são usados, também podem piorar a situação.
O oftalmologista afirma que, além da idade e do uso excessivo de telas, outros fatores podem contribuir para o surgimento ou agravamento da síndrome do olho seco. Entre eles, a exposição a fatores ambientais como vento, fumaça e ar seco, assim como o uso de lentes de contato, que podem interferir na produção e qualidade das lágrimas.
Medicamentos como anti-histamínicos, antidepressivos e remédios para pressão arterial, também podem reduzir a produção lacrimal, além de cirurgias oculares, como a refrativa a laser, que podem temporariamente afetar a produção de lágrimas.
O tratamento depende da causa e da gravidade dos sintomas. Em casos mais leves, o uso de colírios lubrificantes, também conhecidos como lágrimas artificiais, pode aliviar o desconforto. Em casos mais severos, podem ser indicados medicamentos prescritos, como anti-inflamatórios tópicos ou fármacos que estimulam a produção de lágrimas.
Em casos de sintomas persistentes, o indicado é procurar um oftalmologista, para diagnóstico precoce e orientação sobre prevenção e tratamento.
Prevenção ou alívio dos sintomas
- Evitar ambientes secos e ventosos;
- Usar umidificadores em casa ou no trabalho;
- Fazer pausas regulares durante o uso de computadores e dispositivos eletrônicos;
- Piscar com frequência para manter os olhos lubrificados;
- Manter uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3, presentes em peixes como salmão e sardinha, que favorecem a saúde ocularFonte: Conselho Brasileiro de Oftalmologia